Ministério Gilton Basílio
'Ora,
se teu irmão pecar contra ti, vai e repreende-o, entre ti e ele só. Se te
ouvir, ganhaste a teu irmão. Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou
dois, para que, pela boca de duas ou três testemunhas, toda palavra seja
confirmada. E, se não as escutar, dize-a a igreja. E, se também não escutar à
igreja, considera-o como um gentio e publicano'. (Mateus 18:15-17).
I.
O caminho mais literal de seguir essa primeira regra, 'se teu irmão pecar
contra ti, vai e repreende-o, entre ti e ele só', onde puder ser praticado, é o melhor.
II. Nós não devemos esperar
que freqüentemente uma repreensão mais moderada e terna tenha efeito; mas a
benção que desejarmos para outro irá retornar para nossa própria alma. Então, o
que devemos fazer?
III. 'Se te ouvir', então, e não, até então, 'dize-a a igreja'.
A questão é, como essa palavra 'a igreja' deve ser entendida aqui.
1. 'Não fale mal de homem
algum', diz o grande Apóstolo: — Tão claro quanto o mandamento, 'Não matarás'.
Mas quem, entre os cristãos, respeita esse mandamento? Sim. Quão poucos existem
que o entendem? O que é maledicência? Ela não significa, como alguns supõem, o
mesmo que mentira ou difamação infundada. Tudo que um homem disser pode ser tão
verdadeiro quanto a Bíblia; e, ainda assim esse dizer significa maledicência.
Porque maledicência é nem mais, nem menos, que falar mal de uma pessoa ausente;
relatando alguma coisa má, que foi realmente feita, ou dita, por uma pessoa que
não está presente, quando ela é relatada. Supondo-se que eu, tendo visto um
homem bêbado; ou o tendo ouvido praguejar ou amaldiçoar, falo a respeito,
quando ele está ausente; isto é maledicência.
Em
nossa língua isto é também, através de um nome extremamente apropriado,
denominado de calúnia. Nem existe alguma diferença material entre essa, e a que
nós usualmente intitulamos mexerico. Se o relato for entregue de uma maneira
delicada e calma (talvez, com expressões de boa-vontade da pessoa, e na
esperança de que aquelas coisas não sejam assim tão completamente más), então,
nós podemos chamar isto de boatos. Mas, qualquer que seja a maneira como é
feita, dará no mesmo; — na mesma substância, se não, na mesma circunstância.
Ainda será maledicência; ainda esse mandamento, 'Não fale mal de homem
algum', é pisoteado; se nós
relatamos a falta de outra, para uma terceira pessoa, quando ela não está
presente para responder por si mesma.
2.
E quão extremamente comum é esse pecado, entre todas as classes e níveis de
homens! Como ele é praticado por altos e baixos; ricos e pobres; sábios e
ignorantes; letrados ou analfabetos! Pessoas que diferem umas das outras em
todas as coisas, não obstante, concordam nisto. Quão poucos existem que podem
testificar diante de Deus: 'Eu estou limpo, no que diz respeito a esse
assunto; eu tenho sempre colocado um vigia diante de minha boca, e mantido a
porta dos meus lábios, fechada! Que tipo de conversa você ouve, com alguma
minúcia considerável, que não tenha a maledicência como um dos ingredientes? E
isto, mesmo entre pessoas que, em geral, têm temor a Deus, diante de seus
olhos, e que desejam realmente ter uma consciência livre de ofensas em direção
a Deus e ao homem.
3. E a mesma freqüência desse pecado
torna difícil esquivarmo-nos disto. Já que nós estamos cercados por ele, por
todos os lados; de modo que, se nós não estivermos profundamente sensíveis ao
perigo, e nos guardarmos contra ele, continuamente, estaremos sujeitos a sermos
levados pela correnteza. Nessa instância está, quase a totalidade da humanidade,
em conspiração contra nós. De que maneira o exemplo dela leva vantagem sobre
nós, nós não sabemos; assim sendo, insensivelmente acostumamo-nos a imitá-la.
Além disso, é recomendado tanto de dentro, quanto de fora. Escassamente existe
algum temperamento errado na mente do homem que não possa ser ocasionalmente
gratificado por ela, e, conseqüentemente nos incline a isto. Ela gratifica
nosso orgulho, em relatar a falta de outros, onde nós acreditamos que nós
mesmos não somos culpados. Raiva, ressentimento, e todo temperamento descortês
são favorecidos pelo falar contra aqueles com quem nos desagradamos; e, em
muitos casos, relatando os pecados de seus próximos, os homens favorecem seus
próprios desejos tolos e perniciosos.
4. A maledicência é mais difícil de
ser evitada, porque ela freqüentemente nos ataca na dissimulação. Nós não
estamos falando de uma indignação nobre e generosa (melhor seria não falarmos),
contra essas criaturas vis! Nós cometemos pecados, por mero ódio do pecado! Nós
servimos ao diabo, pelo puro zelo por Deus! É meramente com o objetivo de punir
os descrentes, que nós incorremos nessa perversidade. 'Assim, as paixões' (como
alguém diz) 'justificam a si mesmas', e escondem o pecado sobre nós,
debaixo do véu da santidade!
5. Mas não existe um meio de
evitar a armadilha? Inquestionavelmente, existe. Nosso abençoado Senhor tem
traçado um caminho claro para seus seguidores, nas palavras acima citadas.
Ninguém que caminhe com prudência e firmeza nesses passos, irá cair na
maledicência. Essa regra é tanto um preventivo infalível, quanto a cura certa
dela. Nos versos precedentes, nosso Senhor diz, 'Ai do mundo, por causa dos
escândalos', -- misérias inexprimíveis se surgirão, dessa fonte
maligna: (Ofensas são todas as coisas, por meio das quais alguém é desviado dos
caminhos de Deus, ou impedido de seguir nele): 'Porque deverão ser estas
ofensas a virem , -- tais como a natureza das coisas; a perversidade, insensatez, e fraqueza da humanidade: 'Mas
ai do homem', -- miserável é aquele homem, 'por meio do qual os
escândalos virão'. 'Porque, se tua mão, teus pés, teus olhos fizerem com
que tu te escandalizes', -- se o prazer mais caro; a pessoa mais amada e
útil, desviar-te e impedir que tu sigas no caminho, 'arranca fora', -- e
atira para longe de ti.
Mas
como nós podemos evitar ofender alguns, sendo ofendidos por outros? Supondo-se,
especialmente, que eles estejam completamente no erro, e nós vemos isto com
nossos próprios olhos? Aqui, nosso Senhor nos ensina como: Ele nos coloca um
método certo de evitar ofensas e toda maledicência, juntas. 'Se teu irmão
pecar contra ti, vá até ele, e diz-lhe de suas faltas;entre ti e ele somente:
Se ele ouvir a ti, terás ganho um irmão. Mas, se ele não ouvir a ti, tome
contigo um ou mais, para que pela boca de duas ou três testemunhas, toda
palavra possa ser estabelecida. E se ele não ouvir a elas, dize isto à igreja:
Mas se ele não ouvir a Igreja, que ele seja para ti como um pagão e um
publicano'.
I
1. Primeiro: 'Se teu irmão pecar contra ti,
vá, e diz a ele de sua falta, entre ti e ele somente'. A maneira mais
literal de seguir essa primeira regra, onde ela seja praticável, é a melhor:
Entretanto, se veres um irmão, um companheiro cristão, cometer pecado
incontestável; ou ouvires, tu mesmo, de maneira que seja impossível que duvides
do fato; então, tua parte nisto é clara: Na primeira oportunidade, vá até ele;
e, se puderes ter acesso, 'dize-lhe de sua falta, entre ti e ele somente'.
De fato, grande cuidado deve ser tomado para que isto seja feito, em um
espírito correto, e de uma maneira correta. O sucesso de uma reprovação depende
grandemente do espírito, em que ela é dada. Não estejas em falta, portanto, de
orares sinceramente a Deus, para que ela possa ser dada, em um espírito
humilde; com uma convicção profunda e penetrante, de que é Deus, tão somente,
que faz com que tu te diferencies; e que, se algum bem é feito, pelo que é
agora falado, é Ele mesmo que o faz. Ora para que ele guarde teu coração,
aclare tua mente, e direcione tua língua para tais palavras, em que ele pode se
agradar de abençoar. Vê que tu fales com um espírito humilde e manso; já que 'a
ira do homem não opera a retidão de Deus'. Se ele for 'surpreendido em
uma falta', ele não poderá, de modo algum, ser restaurado, 'a não ser no
espírito de mansidão'. Mesmo que ele se oponha à verdade; ainda assim, ele
não poderá ser trazido ao conhecimento disso, a não ser através da gentileza.
Fale ainda, com um espírito de amor terno, 'que muitas águas não podem
extinguir'. Se o amor não for dominado, ele dominará todas as coisas. Quem
poderá dizer da força do amor?
O amor pode curvar o pescoço
obstinado;
A pedra em carne se converter;
amansar, derreter, esfarelar e
quebrar
um coração inflexível.
Confirme, então, seu amor, em
direção a ele,
e você irá, por meio disto,
'amontoar as brasas do fogo sobre
a sua cabeça'.
2. Mas,
nisto, veja também que a maneira como você fala esteja de acordo com o
Evangelho de Cristo. Evite tudo, no olhar, gesto, palavra, e tom de voz, que
cheire a orgulho, ou presunção. Estudiosamente, evite tudo que for autoritário
ou dogmático; tudo que parecer arrogância ou ostentação. Precavenha-se da
aproximação mais distante, que venha desdenhar, dominar, ou levar desprezo. Com
igual cuidado, evite toda aparência de raiva; e, embora faça grande uso da
maior clareza de linguagem, ainda assim, não permita que exista reprovação;
alguma acusação afrontosa; algum toque
de qualquer fervor, a não ser aquele do amor. Acima de tudo, permita que
não exista sombra de ódio, ou má-vontade; amargura ou expressão de mau humor;
mas o uso da atmosfera e linguagem da doçura, assim como da gentileza, para que
tudo possa parecer fluir do amor no coração. E, ainda que essa delicadeza não
impeça o seu falar, da maneira mais séria e solene; tanto quanto for possível,
que você fale, nas mesmas palavras dos oráculos de Deus (já que não existe
algum como eles), e debaixo dos olhos Dele, que virá julgar os vivos e os
mortos.
3. Se
você não tiver uma oportunidade de falar com ele, pessoalmente, ou não puder
ter acesso, você deve fazê-lo, através de um mensageiro; através de um amigo
comum, em cuja prudência, tanto quanto lealdade, você pode confiar totalmente.
Tal pessoa, falando em seu nome, e em um espírito e maneira acima descritos,
poderá responder à mesma finalidade; e, em um bom nível, suprir a sua falta.
Apenas, precavenha-se de não simular a falta de oportunidade, com o objetivo de
evitar a cruz; nem tome isto, para afirmar que você não poderá ter acesso, sem
antes fazer alguma tentativa. Quando quer que você possa falar pessoalmente,
será muito melhor. Mas você deve trocar uma coisa por outra, preferivelmente a
não fazer nada, afinal: esse meio é melhor do que nenhum.
4. Mas o que fazer, se você, nem pode falar
pessoalmente, nem encontra tal mensageiro em quem confiar? Se este for
realmente o caso, resta, então, apenas escrever. E podem existir algumas
circunstâncias que torna isto a mais aconselhável maneira de falar. Uma dessas,
é quando a pessoa com quem você tem de fazê-lo, é de um temperamento tão 'esquentado'
e impetuoso, que não suporta reprovação; especialmente, de um igual ou
inferior. Mas o assunto pode ser
introduzido e amenizado, no escrito, de maneira a tornar a coisa mais
tolerável. Além disso, muitos irão ler as mesmas palavras, que eles não
poderiam suportar ouvir. Não seria um choque tão violento para o orgulho deles;
nem tocaria tão sensivelmente as suas próprias honras. E, supondo-se que cause
pequena impressão, a princípio, eles irão, talvez, dar a ele uma segunda
leitura; e, depois de consideração posterior, irão colocar no coração o que
antes eles haviam desdenhado. Se você acrescentar seu nome, isto é
aproximadamente a mesma coisa que ir até ele, e falar pessoalmente. E isto pode
sempre ser feito, a menos que se mostre impróprio, por alguma razão muito
pessoal.
5. Deve-se observar bem, que este não é apenas um passo que nosso Senhor
absolutamente ordena a nós que tomemos, mas que ele ordena que tomemos
primeiro; antes de atendermos a qualquer outro. Nenhuma alternativa é
permitida; nenhuma escolha de algum tipo: este é o caminho; caminha tu nele. É
verdade que ele nos impõe, se a necessidade requer, que tomemos outros dois
passos; mas eles devem ser tomados sucessivamente depois desse primeiro, e
nenhum deles antes disso. Muito menos, devemos tomar algum outro, tanto diante,
quanto ao lado desse. Portanto, fazer alguma coisa a mais, ou não fazer isto, é
igualmente indesculpável.
6. Não pense em desculpar-se por tomar um passo
inteiramente diferente, dizendo: 'Ora, eu não falei com ninguém, até que eu
estive tão sobrecarregado, que não pude conter-me'. Você esteve
sobrecarregado! Não é de se admirar que você estivesse, a menos que sua
consciência fosse endurecida; e também porque você estava debaixo da culpa do
pecado, da desobediência de um mandamento claro de Deus! Você deveria ter ido,
e imediatamente falado 'com seu irmão sobre sua falta, entre você e ele
somente'. Se você não o fez, de que outra maneira poderia estar, se não
sobrecarregado (a menos que seu coração estivesse extremamente endurecido),
enquanto você estava pisoteando o mandamento de Deus, e 'odiando seu irmão
em seu coração?'. E que caminho você encontrou para aliviar a si mesmo?
Deus reprova você, pelo pecado da omissão; por não dizer a seu irmão a respeito
da falta dele; e você se conforta debaixo da reprovação Dele, através do pecado
do cometimento, por dizer ao seu irmão a falta de uma outra pessoa! Conforto
comprado através do pecado é um preço elevado! Eu confio que em Deus, você não
terá conforto, mas irá sobrecarregar-se ainda mais, até que você 'vá ao seu
irmão e o diga'; e ninguém mais.
7. Eu
conheço apenas uma exceção a essa regra: Pode existir um caso peculiar, em que
é necessário acusar o culpado, embora ausente, com o objetivo de preservar um
inocente. Por exemplo: você tem conhecimento pessoal do objetivo que um homem
tem contra a própria vida, ou de seu próximo. Agora, o caso pode ser
circunstanciado, já que não existe outro meio de impedir que aquele objetivo se
realize, a não ser, sem demora, levando ao conhecimento daquele, contra quem
ele está sendo colocado. Neste caso, portanto, essa regra é deixada de lado,
como aquela do Apóstolo: Não fale mal de homem algum': e é legítimo,
sim, é nosso dever sagrado, falar mal de uma pessoa ausente, com o objetivo de
impedir que ele faça mal a outros e a si, ao mesmo tempo. Mas lembre-se que,
enquanto isso, toda aquela maledicência é, em sua natureza própria, um veneno
mortal. Por conseguinte, se você for, algumas vezes, constrangido a fazer uso dela,
como um remédio, use-a com temor e tremor; vendo que é um remédio tão perigoso,
que nada, a não ser a absoluta necessidade, pode desculpar você de usá-la,
afinal. Concordantemente, use-a tão raramente quanto possível; nunca, a não ser
quando existir tal necessidade: E mesmo então, use tão pouco dela quanto
possível; apenas o tanto necessário para a finalidade proposta. Em todos os
outros momentos, 'vá, e diz a ele de sua falta, entre ti e ele, somente'.
II
1. Mas,
como fazer, 'se ele não ouvir?'. Se ele pagar o bem com o mal? Se ele
preferir ficar enfurecido a convencido? O que fazer, se ele ouvir, para nenhum
propósito, e seguir em frente, ainda em seu caminho pecaminoso? Nós devemos
esperar que esse seja freqüentemente o caso; que a reprovação mais branda e
terna não tenha efeito; ainda assim, a benção que nós desejamos para o outro,
retornará para nosso próprio seio. E o que devemos fazer então? Nosso Senhor
tem nos dado uma direção clara e completa: Então, 'tome contigo um ou dois
mais': Este é o segundo passo. Tome um ou dois, que você conheça ser de
espíritos amorosos, amantes de Deus e de seu próximo. Veja, igualmente, que
eles sejam de espíritos amáveis, e 'cobertos com humildade'. Que eles
sejam também mansos e gentis; pacientes e longânimes; não aptos a 'retornar
o mal pelo mal; ou o insulto pelo insulto; mas, ao contrário, benção'. Que
eles sejam homens de entendimento, tais que dotados com a sabedoria que vem do
alto; e homens livres da parcialidade; livres de preconceito de espécie alguma.
Cuidado deverá ser igualmente tomado, para que tanto as pessoas, quanto seu
caráter, sejam bem conhecidos dele. E permita que esses que são aceitos por ele
sejam os escolhidos, preferivelmente a quaisquer outros.
2. O
amor irá ditar de que maneira eles deverão proceder, de acordo com a natureza
do caso. Nem poderá alguma maneira particular ser prescrita para todos os
casos. Mas, talvez, em geral, alguém deva aconselhar que, antes de eles levar a
coisa, por si mesma, que eles declarem, mansamente e amorosamente, que não têm
raiva ou preconceito, com respeito a ele; e que é meramente por um princípio de
benevolência, que eles agora vieram; ou, afinal, com respeito a si mesmos, com
seus afazeres. Para tornar isto mais aparente, eles devem, então, atender calmamente
à repetição de sua conversa anterior com ele, e ao que ele disse, em sua
própria defesa, antes de tentarem determinar alguma coisa. Depois disso, eles
estariam melhores capacitados para julgar, como procederem, 'já que, pela boca de duas ou três testemunhas,
toda palavra deverá ser estabelecida'; para que o que quer que você tenha
dito possa ter sua força completa, através do peso adicional da autoridade
deles.
3.
Com o objetivo disto, eles podem:
1o. Falar resumidamente o que você disse, e o
que ele respondeu?
2o. Estender-se,
expor, e confirmar as razões que você tem dado?
3o. Dar peso à sua
reprovação, mostrando quão justo, quão delicado, e quão oportuna ela foi? E,
por último, reforçar os conselhos e persuasões, que você tem anexado a ela? E
esses podem igualmente, daqui por diante, se a necessidade requerer,
testemunhar o que foi falado.
4. Com respeito a isto, tanto
quanto à regra precedente, nós podemos observar que nosso Senhor nos dá nenhuma
chance; não nos deixa nenhuma alternativa, mas expressamente nos ordena a fazer
isto, e nada mais no lugar disto. Ele igualmente nos direciona, quando fazê-lo;
nem muito cedo, nem muito tarde; ou seja, depois de nós tomarmos o primeiro, e
antes de termos tomado o terceiro passo. Só então, estamos autorizados a
relatar o mal que o outro tem feito, àqueles a quem desejamos que testemunhe
uma parte conosco, no grande exemplo de nosso amor fraternal. Mas vamos ser
cuidadosos, em como relatar isto para alguma outra pessoa, até que ambos os
passos tenham sido tomados. Se nós negligenciarmos tomar esses; ou se nós
tomamos alguns outros, qual a surpresa que estejamos ainda sobrecarregados? Já
que somos pecadores contra Deus, e contra nosso próximo; e, por mais
imparcialmente possamos colori-lo, ainda assim, se nós temos alguma
consciência, nosso pecado irá nos desmascarar e trazer um peso sobre nossas
almas.
III
1.
Para que possamos ser instruídos totalmente nessa tarefa pesada, nosso Senhor
nos tem dado uma direção ainda mais adiante: 'Se ele não ouvir a eles',
então, e não antes disso, 'diga-o à igreja'. Este é o terceiro passo.
Toda a questão é, como esta palavra 'a igreja' deve ser aqui entendida.
Mas a mesma natureza da coisa irá determinar isto, além de toda dúvida
razoável. Você não pode dizer isto à Igreja nacional; a todo corpo de homens
denominados 'a Igreja da Inglaterra'. Nem ela responderia a qualquer
finalidade cristã, se você pudesse fazê-lo; portanto, este não é o significado
da palavra. Nem você poderá dizer a todo corpo de pessoas na Inglaterra, com
quem você tem uma conexão mais imediata. Nem, de fato, isto iria responder a
alguma boa finalidade: A palavra, por conseguinte, não é para ser entendida
assim. Não responderia a alguma finalidade valiosa dizer as faltas de todo membro
particular à igreja (se você pudesse, assim, denominar isto), à congregação, ou
à sociedade, reunidas em Londres. Permanece que você diz isto ao presbítero ou
presbíteros da igreja; para os que inspecionam aquele rebanho de Cristo, ao
qual ambos pertencem; aqueles que vigiam as almas de vocês, e as suas próprias,
'como se eles devessem prestar contas disto'. E isto poderia ser feito,
se possível, convenientemente na presença da pessoa interessada, e, embora, de
maneira clara, ainda assim, com toda a ternura e amor que a natureza da coisa
irá admitir. Pertence necessariamente ao ofício deles, determinar concernente
ao comportamento de todos sob seus cuidados; e repreender, de acordo com o
demérito da ofensa, 'com toda autoridade'. Quando, por conseguinte, você tiver feito
isto, você terá feito tudo o que a Palavra de Deus, ou a lei do amor requereram
de você: Você não é agora parceiro do pecado dele; mas, se ele perecer, seu
sangue estará sobre a sua própria cabeça.
2. Aqui,
também, deve ser observado, que este, e não outro, é o terceiro passo, o qual
devemos tomar; e que devemos tomá-lo, na sua ordem, depois dos outros dois; nem
antes do segundo; muito menos, do primeiro; exceto, em algumas circunstâncias
bastante particulares. Realmente, em um caso, o segundo passo pode coincidir
com isto: Eles podem ser, de certa maneira, um, e o mesmo. O presbítero, ou os
presbíteros da igreja, pode estar ligado com o irmão ofensor, e deverá ser
colocado de fora da necessidade, e seu lugar suprido, por uma ou duas
testemunhas; de maneira que seja suficiente dizer isto a elas, depois de você
ter dito isto para seu irmão, 'entre você e ele somente'.
3.
Quando você tiver feito isto, você terá livrado a sua própria alma. 'Se ele
não ouvir a igreja'; se ele persistir em seu pecado, 'que ele seja para
ti, como um pagão e um publicano'. Você não estará debaixo da obrigação de
pensar nele mais. Mas de deixá-lo, aos cuidados de seu próprio Mestre. De fato,
você ainda deve a ele, como a todos os outros pagãos, boa-vontade, sincera e
terna. Você deve a ele cortesia, e, tanto quanto a ocasião oferecer, todos os
ofícios da humanidade. Mas não tenha amizade, nem familiaridade com ele; nenhum
outro intercurso do que com os pagãos declarados.
4. Mas,
se esta deve ser a regra por meio da qual os cristãos caminham, qual é a terra
onde os cristãos vivem? Alguns poucos você pode possivelmente encontrar
espalhados, acima e abaixo, que têm consciência em observar isto. Mas, quão
poucos! Quão escassamente dispersos sobre a face da terra! E onde existe algum
corpo de homens que, sem exceção, caminham por meio disto? Nós podemos
encontrá-lo na Europa? Ou ir mais longe, na Grã Bretanha ou Irlanda? Eu temo
que não: Eu temo que nós podemos pesquisar esses reinos completamente, e, ainda
assim, nossa busca terá sido em vão.
Ai
do mundo cristão! Ai dos Protestantes! Ai dos Cristãos Reformados! Ó, 'quem
se erguerá comigo contra o perverso?'. 'Quem ficará do lado de Deus',
contra os maledicentes? Você é este
homem? Pela graça de Deus, você será alguém que não será carregado pela
correnteza? Você está completamente determinado, Deus sendo seu ajudador, nesta
mesma hora, a colocar um vigia; um 'vigia contínuo, diante de sua boca, e
manter a porta de seus lábios fechada?'. Desse momento em diante, você irá
caminhar por esta regra, 'não fale mal de homem algum?'. Se você vir seu
irmão praticar o mal, você irá 'dizer a ele sobre sua falta, entre você e
ele somente?'. Depois disto, 'tomará uma ou duas testemunhas', e, só, então, 'dirá isto para a igreja?'. Se
este for todo o propósito do seu coração, então, aprenda bem uma lição: 'não
dê ouvidos à maledicência'. Se não houver ouvintes, não haverá oradores,
para o mau. E não é quem recebe (de acordo com o provérbio vulgar), tão mau
quanto o ladrão?
Então,
se alguém começar a falar mal em seus ouvidos, interrompa-o imediatamente.
Recuse-se a ouvir a voz do 'encantador'; mesmo que ele nunca tenha
encantado tão docemente; deixe que ele use de toda maneira delicada, de uma
ênfase tão suave, mesmo as maiores profissões de boa vontade, para aquele que
ele colocou na escuridão; a quem ele atacou debaixo da quinta costela!
Resolutamente, recuse-se a ouvir, embora o segredista queixe-se de 'estar
sobrecarregado, até que possa falar'.
Sobrecarregado!
Tu, tolo! Tu labutas com teu segredo maldito, tanto quanto uma mulher labuta
com uma criança? Vá, então, e livre-se de teu fardo, no caminho que o Senhor te
ordenou! Primeiro, 'vá e dize ao teu irmão das suas faltas, entre ti e ele
somente'. Em seguida, 'tome
contigo um ou dois', de seus amigos em comum, e diga-lhe na presença deles:
Se nenhum desses passos tiver efeito, então, 'dize-o à igreja'. Mas, com toda a pureza de tua alma, não dize
isto a qualquer outro; tanto antes, quanto depois, a menos naqueles casos em
exceção, quando for absolutamente necessário preservar um inocente! Por que tu
irias querer sobrecarregar um outro, tanto quanto a ti mesmo, por torná-lo
parceiro do teu pecado?
5. Que todos vocês que
testemunham a reprovação de Cristo; que estão sendo zombateiramente chamados de
Metodistas, possam estabelecer um exemplo para o mundo cristão, assim chamado;
pelo menos, nesse caso! Joguem fora a maledicência, as fofocas e os sussurros:
Não permitam que eles saiam de suas próprias bocas! Vejam que vocês 'não
falem mal de homem algum'; em sua ausência, mas somente o que for bom. Se
vocês devem ser distinguidos, quer queira ou não, que estas sejam as marcas de
distinção de um Metodista: 'Ele não censura homem algum, pelas costas:
Através desse fruto, você pode conhecê-lo';
Que
efeito abençoado desse desprendimento, nós sentimos rapidamente em nossos
corações! Como nossa 'paz fluiria como um rio', se nós assim '
seguíssemos em paz com todos os homens!'. Como o amor de Deus abundaria em
nossas próprias almas, se nós confirmássemos assim nosso amor para com nossos
irmãos! E que efeito isto poderia ter em todo que estavam unidos em nome do
Senhor Jesus! Como o amor fraternal aumentaria continuamente, se este grande
obstáculo dele fosse removido!
Todos
os membros do corpo de Cristo, então, naturalmente, cuidariam uns dos outros. 'Se
algum membro sofresse, todos sofreriam com ele'; se um fosse honrado, todos se
regozijariam com isto'; e cada um
iria amar seu irmão 'com um coração puro, fervorosamente'. E não é tudo:
Que efeito isto teria, mesmo nesse mundo selvagem e irracional! Quão logo eles iriam distinguir em nós, o que eles não
poderiam encontrar em todos os milhares de seus irmãos, e clamariam (como
Julio, o Apóstata, para seus irmãos bajuladores), 'Vejam como esses cristãos
amam uns aos outros!'. Através
disto, principalmente, Deus convenceria o mundo, e o prepararia também para Seu
reino; como nós podemos facilmente aprender daquelas palavras notáveis, na
última oração solene de nosso Senhor, em (João 17:20-21): 'Eu não
peço somente por estes, mas também por aqueles que, pela sua palavra hão de
crer em mim; para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu, em ti; que também eles sejam um em nós,
para que o mundo creia que tu me enviaste!
O Senhor apressa o tempo! O Senhor nos capacita a assim amarmos uns aos
outros, não apenas 'na palavra e na língua, mas em ação e em verdade',
assim como Cristo amou a nós.
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